quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O dinheiro chinês e o desmanche brasileiro

  Quando alguém decide jogar futebol profissionalmente, um dos principais objetivos da carreira é conseguir jogar bem e conquistar a tão sonhada independência financeira.  Por falar em dinheiro, quando se discute atualmente sobre cifras estratosféricas, um novo mercado futebolístico vem à tona: o mercado chinês. Com o objetivo de tornar a Liga Nacional atrativa, os chineses vêm investindo maciçamente na contratação de jogadores estrangeiros e o principal mercado que tem sido explorado pelos orientais é o mercado brasileiro.

  Atualmente, vinte e nove brasileiros atuam no futebol chinês em clubes da primeira e segunda divisão. O grande destaque é o Guangzhou Evergrande, atual campeão nacional e da Liga dos Campeões da Ásia, título que garantiu a participação da equipe no último Mundial de Clubes da FIFA. O clube conta com cinco brasileiros: o volante Renê Júnior (ex-Santos), os meias Elkeson (ex-Botafogo) e Ricardo Goulart (ex-Cruzeiro), o atacante Alan (ex-Fluminense) e o técnico Luiz Felipe Scolari. O Shandong Luneng também conta com cinco brasileiros: os volantes Juciliei (ex-Corinthians) e Júnior Urso (ex-Coritiba), os atacantes Diego Tardelli (ex-Atlético-MG) e Aloísio "boi bandido" (ex-São Paulo) e o técnico Cuca. Além dos brasileiros, outros jogadores que tiveram grande destaque no nosso país integram equipes chinesas, como os argentinos Walter Montillo, Dario Conca e Hernán Barcos, além do brasileiro naturalizado boliviano Marcelo Moreno.

Elkeson marcou o gol do título do Guangzhou Evergrande na Liga dos Campeões da Ásia em 2015.
  Os altos salários oferecidos seduzem cada vez mais nossos atletas, porém trazem consequências devastadoras para o nosso futebol: cada vez mais o nível técnico do campeonato brasileiro cai. O exemplo mais recente disso é o Cruzeiro, que viu a saída de seus principais destaques depois do bicampeonato brasileiro em 2013 e 2014, um deles para o futebol chinês, o já citado Ricardo Goulart. Depois disso, a equipe celeste vem encontrando dificuldades para montar um elenco vitorioso. Outro exemplo que está nesse momento passando diante dos nossos olhos é o incontestável campeão brasileiro de 2015, o Corinthians. Os meias Jadson e Renato Augusto, os dois grandes jogadores do Timão no ano, já acertaram sua ida para a China. Os volantes Elias e Ralf também receberam ofertas chinesas e estão praticamente negociados, ou seja, todo o meio-campo campeão brasileiro foi negociado e a reposição não deve ser à altura. Dor de cabeça para Tite em 2016.

Craque do Brasileirão 2015, Renato Augusto receberá cerca de R$ 2 milhões mensais no Beijing Guoan, da China
  Além do quesito técnico, esse êxodo rumo à China, tem consequências na Seleção Brasileira. Jogadores que vão para campeonatos mais fracos tecnicamente praticamente fecham as portas para futuras convocações. Porém, para eles, isso não parece pesar na decisão de ir jogar na China. Os milhões mensais na conta parecem ser suficientes para tal decisão.

  Não se pode julgar a saída de jogadores para o futebol chinês ou qualquer outra liga de perfil semelhante, pois qualquer trabalhador quer um salário mais alto, no caso dos jogadores citados, um salário quatro ou cinco vezes maior, entretanto, percebe-se cada vez menos amor à camisa e a busca de idolatria em clubes brasileiros por parte dos jogadores é quase inexistente, o que era comum em décadas passadas. É de se lamentar que o futebol tornou-se exclusivamente oportunidades de negócios lucrativos para jogadores, dirigentes e empresários. Prepara o coração torcedor brasileiro, mais ofertas estão por vir. A próxima vítima pode ser o seu clube.

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