terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O futebol nordestino em 2015

Imagem: Diário de Pernambuco

O ano de 2015 vai chegando ao fim e os campeonatos de futebol reservaram ótimas surpresas e pequenas decepções repetidas para os torcedores nordestinos. Para quem acompanhou de perto os times do Nordeste, viram que eles são "cabras da peste" dentro de campo, mostrando raça, bom futebol, e principalmente, voltas por cima que só vemos em filmes, e claro, no jogo com a bola nos pés.

Começando pela Série A do Campeonato Brasileiro, o único representante do Nordeste, o Sport fez um ano acima das expectativas. Com orçamento muito menor que os times do eixo RIO-SP, o Sport montou um time de renegados, jogadores experientes e caras novas, e por muito pouco não chegou a Libertadores da América. O Leão da Ilha do Retiro foi comandado em boa parte por Eduardo Baptista, hoje no Fluminense, e bateu de frente com os grandes em toda a competição, tendo ótimas campanha fora de casa e com bons números na Arena Pernambuco. Destaque da campanha para André e Diego Souza, com 12 e 8 gols marcados respectivamente.

Na Série B um time surpreendeu a todos: O Santa Cruz. Após chegar a estar na série D, em 2008, o Santinha embalou e voltou a elite do futebol brasileiro após 10 anos, com uma campanha memorável sob o comando de Marcelo Martellote. Com uma torcida altamente apaixonada, o clube pernambucano manteve ótima média de público (quinta maior média e segundo maior público do campeonato) e surpreendeu ao bater o Botafogo por 3x0 no Engenhão, levando o segundo lugar da segundona.

Ainda na Série B, o Vitória também jogará ao lado dos grandes em 2016. Após o rebaixamento em 2014, o Vitória brigou ponto a ponto com Bahia, Paysandu e Náutico por uma vaga no G4, e conseguiu a terceira colocação no campeonato, deixando o rival Bahia para trás e colocando mais um nordestino na Série A. O rubro-negro baiano também obteve ótima média de público, quarta maior da competição e o terceiro maior público do campeonato.

Ceará e Fortaleza fizeram temporadas que mais pareceram uma montanha russa de oscilações e ascensões. O Vozão ganhou a Copa do Nordeste em cima do Bahia e vingou o ano do centenário que terminou em segundo. Porém, um ano que parecia promissor não foi por água abaixo por muito pouco. O clube fez péssima campanha no brasileirão em grande parte, até a chegada do técnico Lisca, que obteve seis vitorias em nove jogos; a última, em cima do Macaé no Castelão, que salvou o clube cearense e rebaixou o time carioca em seu lugar, registrando o maior público da Série B.

Já o Fortaleza começou o ano vencendo o estadual em cima do maior rival em um jogo emocionante. Na Série C, fez-se a fé de que esse ano, o Leão voltaria para a Série B. Como nas últimas edições, o time do Pici fez ótima campanha na primeira fase, derrubando a tudo e a todos. Entretanto, na fase final foi eliminado nas quartas para o Brasil de Pelotas, calando um Castelão com quase 64 mil torcedores. Em 2016, será a sétima temporada consecutiva do Fortaleza na Série C.

Se nos outros estados tiveram comemorações, no Rio Grande do Norte o ano de 2015 ficou para ser esquecido entre os torcedores. O América, rebaixado ano passado, começou bem o ano do seu centenário, vencendo o rival ABC na final do estadual, no Frasqueirão. Montou um time forte, experiente e com nomes conhecidos, como Flávio Boaventura, Cascata, Léo Gago entre outros, mas tropeçou demais em casa e não chegou a fase final da Série C, decepcionando os alvirrubros. Já o ABC, fez um péssimo ano do começo até o fim, perdendo o estadual, contratando a torto e a direito, demitindo treinadores, afundando-se em dívidas (o Frasqueirão chegou a ser penhorado nesses últimos dias) e fazendo uma das piores campanhas da Série B de sua história, chegando a ficar 15 jogos sem vencer em seus domínios, e amargando um rebaixamento antecipado no ano do centenário.

A temporada de 2015 se encerra com boas lembranças e ensinamentos para os grandes clubes do Nordeste. Com baixíssimas cotas de TV, patrocínios escassos, erros de diretorias passadas e problemas extra-campo, os clubes da terra de Ariano Suassuna, Zé Ramalho e afins mostraram que nem só de "Rio-SP" vive o torcedor brasileiro. O futebol nordestino respira, e os admiradores loucamente apaixonados agradecem.


Um comentário: