sábado, 28 de março de 2015

Ditadura da FERJ em pleno século XXI


Qualquer um que entenda um pouco de história sabe que ditadura é algo ruim, maléfico e extremamente rigoroso para uma população. Não é a toa, que de 1964-1985 o Brasil viveu o período mais negro e obscuro de sua história, com repressões fortes a manifestantes, torturas, assassinatos, manipulação da imprensa, etc.

No futebol, algo vem incomodando não só a mim, como a diversos torcedores, comentaristas e gente que entende realmente de futebol. Trata-se da ditadura da FERJ (Federação de Futebol do Rio de Janeiro). A ditadura como se sabe, não permite nada, nenhum tipo de manifestação ou ação contrária a ela. E foi isso que a FERJ fez e está fazendo desde o início da temporada com o futebol carioca.

A FERJ inicialmente tentou e obrigou os clubes a baixarem os preços dos ingressos, de maneira que os mesmos sairiam muito prejudicados. Com os consórcios do Maracanã, Flamengo e Fluminense acabam pagando altos valores para usufruir do estádio, em alguns casos, não tendo retorno financeiro e de público pagante, devido a preços muito elevados e a horários nem sempre disponíveis para a massa amante do futebol. Contudo, mesmo achando isso errado e inapropriado para os torcedores, o clube é quem deve decidir o quanto ele cobra pra seu torcedor apoiar seu time, mesmo que isso o afaste ou o atraia para os estádios. A FERJ simplesmente quis botar o peito pra cima e impor uma ditadura do ingresso, a qual os clubes seriam obrigados a diminuírem o preço da maneira que ela bem entendesse. Após longas discussões, troca de farpas e opiniões entre diretores e presidentes (incluindo xingamentos a familiares, dá pra acreditar?), Flamengo, Fluminense e algumas outras equipes aceitaram diminuir o preço do ingresso de maneira pouco considerável, apenas para diminuir o atrito entre as instituições e que a bola finalmente rolasse.

Além disso, outra coisa que incomodou essa semana com relação a FERJ é algo chamado Anti-doping. Descobri essa semana lendo o Blog do Rodrigo Matos que a instituição (não é só ela nos campeonatos estaduais, vale ressaltar) não obriga os clubes a fazerem o exame anti-doping. Como é? Em pleno 2015, em um dos maiores campeonatos estaduais do Brasil, em termos de grandeza e história, quem joga o campeonato carioca não é obrigado a prestar o exame, ele é facultativo. Com isso, os clubes para fazerem o exame, pagam pelo mesmo, gerando prejuízo e transtornos financeiros. No último jogo de Flamengo x Vasco, exatos R$ 5438,00 foram descontados do Rubro-Negro, que mesmo vencendo o clássico, saiu perdedor financeiramente porque decidiu mostrar que seus jogadores estão aptos a jogar de maneira limpa e justa. O Vasco opta por não fazer o exame em todas as partidas (somente em clássicos, que se torna obrigatório) assim, lucrando mais que o Fla. Quem organiza o campeonato é quem deveria se preocupar se os participantes estão habilitados ou não correto?

E por fim, não se pode falar mal da FERJ. Sim meus caros, se você é técnico, jogador ou dirigente e criticar a federação ou organização do Carioca, você será "convidado" a pagar uma multa à ela por emitir simplesmente sua opinião. Lembra ou não a ditadura militar? Vanderlei Luxemburgo foi a bola da vez dessa semana. Após criticar a organização por não permitir mais juniores no plantel para a partida, Luxa foi suspenso de atuar na beira do gramado por duas partidas. Pô Luxa, é regulamento cara, quem mandou você falar mal da nossa querida FERJ? Com uma liminar, o técnico atuou diante do Bangu e será julgado na próxima segunda feira sobre suas afirmações, e já falou que não vai retirar o que disse, com suas palavras: "Não retiro uma virgula do que falei".

Diante destas, cabe a nós torcedores e aos dirigentes criações de laços fortes, que ponham a FERJ na parede e a faça melhorar os rumos do futebol carioca. Esses fatos citados são apenas alguns de muitos que são frequentes entre federação e os grandes clubes do Rio. Ditadura de voz e ingresso só traz manchas ao futebol. Estamos a menos de um mês do fim do Carioca. Vamos aguardar as fases finais e torcer pra que esses atritos diminuam e que principalmente, o futebol prevaleça e melhore.

Um comentário:

  1. Embora não entenda quase nada de futebol, o texto é bastante elucidativo. Muito bem escrito. Gostei.

    Luciana Carvalho

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