quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Estamos ligando para os colonizadores


Se, há um tempo atrás, nós fomos reféns de europeus em suas caravelas com armas brancas e loucos por matéria prima para roubar e transformar em fortuna na Europa, hoje nós ligamos para eles e oferecemos mudas de árvores que ainda nem sabemos o que se tornará! As mudas são nossos jovens jogadores, que cada vez mais cedo saem do Brasil para servir a times europeus. Até quando?

Tive a oportunidade incrível de trabalhar com o volante Goéber em sua franquia da escolinha do Santos "Meninos da Vila" e tive a certeza de que podemos trabalhar bem a base e criar jogadores maduros, que na própria escolinha saiba a realidade do futebol e que treine, leve a sério e saiba onde pisar. O que percebo nos clubes é uma sede e uma falta de vontade de ir pegar o copo d'água. Querem o craque, mas não querem fazê-lo.

Acho ridículo e motivo de vergonha um clube brasileiro ter centenas de jogadores e não conseguir lapidar atletas e utilizar no seu time principal. São Paulo, Corinthians, Flamengo, Internacional, Cruzeiro, etc. São todos grandes clubes e que não conseguem revelar jogadores do tamanho do clube todos os anos, não estou pedindo um Neymar por ano, mas um jogador fora de série por ano, não é exagero (Bernard, Lucas, Everton Ribeiro, Ganso, etc). São inúmeros jovens que utilizam da estrutura do clube e que quando atingem uma idade mínima saem do clube, sem pisar no profissional.

Noto uma verdadeira linha de produção, que trazem jogadores de peneiras espalhadas pelo Brasil inteiro, consequentemente com uma média de qualidade muito parecida, um ou outro se destacam por trabalho e outros muitos por influência de amizade ou dívidas (morais ou financeiras) com empresários, tornando a base do clube um verdadeiro aquário, para que o clube possa alimentar os peixes e depois vendê-los para clientes, que poderão usufruir do peixe, ao contrário de quem criou.

Deixo o meu pesar para muitos professores que investem seu tempo em tentar direcionar muitos jovens para que busquem o treino duro, o trabalho, a melhoria em algum quesito deficiente, para que após algum tempo este mesmo jogador sirva para um outro clube e não o de origem.

Basta assistir a nossa seleção sub-20 e notar como temos bons jogadores. Agora resta saber quanto tempo eles dedicarão a equipe profissional do clube que os formaram antes de pegar a estrada para outros clubes, por algumas moedas e um tapinha nas costas.

Se tivéssemos um cuidado maior, um tratamento melhor, um profissionalismo maior, os clubes conseguiriam ganhar mais com formados na própria base, nem falo apenas do dinheiro, mas de títulos, de história e times melhor. Evitando as negociações da madrugada, que desvalorizam os jogadores e que só o clube perde.

2 comentários:

  1. É meu caro, infelizmente é o que acontece com grande parte dos clubes. Não sabemos aproveitar nossos jovens talentos. E a CBF nem os times não estão sabendo administrar essa base de maneira correta. O 7x1 está aí. A Alemanha é exemplo vivo disso... Estamos carecas de saber. Li na Placar que dos 23 campeões, apenas Klose não passou pelas categorias de base criadas pelos alemães para recrutar jovens promessas. Ficaremos na expectativa. Abraço Mattson.

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    1. Obrigado pelo comentário Ícaro. Tem razão em tudo que falou. Os 7 a 1 não serviram para os cartolas. Eles não respiram o futebol, eles respiram o dinheiro. Para que quebrar a cabeça para melhorar algo se atualmente eles continuam enriquecendo com o futebol? É lamentável. Abraço. Volte sempre.

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