A história a seguir bem que poderia começar com o famoso “era uma vez” dos contos de fadas e um “e foram felizes para sempre”. De fato, esses contos às vezes relatam coisas tão utópicas (uma velhinha ser comida por um lobo, abrir a barriga do bicho e ela ainda está lá, tricotando e pensando na vida) que acabamos esquecendo que os sonhos são reais, e que eles existem e podem sim ser realizados.
Aquele menino da rua Major Servulo, da Eliza Batista e de vários outros locais tinha um sonho que para ele era algo inalcançável: ver seu time jogar no Maracanã, ver a camisa imponente rubro-negra entrar por aquele gramado e levar várias pessoas ao delírio e a gritar quase que como loucos, empurrando os jogadores para a batalha em questão.
Naquele dia, acordou cedo, andou nas ruas movimentadas do Rio de Janeiro, mas a cabeça estava apenas em um lugar.
Entardeceu e logo o menino chegou em casa. Comeu rapidamente, tomou seu banho e esperou dar a hora da tão sonhada partida para o jogo. O tempo parecia não andar, como uma tartaruga parece não se locomover numa praia deserta.
Chegou a hora.
A cada passo dado rumo ao estádio, sabia que um dos maiores sonhos de sua vida estava ali, a poucos metros de distância, como uma nota de 100 no meio da rua, só esperando o primeiro felizardo a pegá-la.
Desde a chegada, já sentia a incrível energia do Maracanã. Ao pisar na arquibancada, viu seus ídolos entrarem em campo, gritou junto da torcida, bateu palmas incentivando e emocionou-se diante de todo aquele momento inigualável.
O criador se encontrava com a criatura. Flamengo e aquele flamenguista apaixonado, de mudar de humor e até de dormir mal ante a situação do seu esquadrão.
Os deuses do futebol sentiram todo aquele momento, e perceberam que aquilo não era simplesmente um torcedor que comumente ia ao palco em questão. Mas sim um dos muitos fiéis, dos que vestiam a camisa mesmo na derrota, e que faziam questão de dizer que era rubro negro acima de tudo.
A vitória não veio. Infelizmente. Derrota para o maior rival.
Contudo, para aquele torcedor a maior vitória foi de viver aquele momento, sentir aquela vibração e respirar o ar sagrado do Maracanã. Que desgosto seria se faltasse um Flamengo nesse mundo tão bem feito por mãos cuidadosas...
Este garoto que realizou tal sonho é este que vos escreve, com lágrimas nos olhos.
Sou mulambo. Sou acima de tudo, rubro-negro.
Mas acima de tudo, Sou Flamengo até morrer.
ÍCARO
CARVALHO, 22/08/2015. Texto escrito em seu retorno de uma viagem do Rio de Janeiro, viagem a
qual teve o prazer de conhecer o Maracanã e ver um Flamengo x Vasco.